Comissão
Especial sobre Gestão de Cúpulas Interamericanas
Resumo das sugestões e recomendações da
Presidência para o Grupo de Revisão da Implementação das
Cúpulas
Apresentado na Décima Nona Reunião Grupo
de Revisão da Implementação das Cúpulas
1o a 3 de outubro de 2000,
Québec, Canadá
A Comissão Especial sobre Gestão de
Cúpulas Interamericanas da OEA reuniu-se em 19 de setembro de
2000. A convite, peritos e grupos da sociedade civil do
Hemisfério juntaram-se aos Estados membros para discutir
assuntos relacionados com o processo de Cúpulas das Américas
e a Terceira Cúpula das Américas, a ser realizada em Québec,
Canadá, em abril de 2001.
Anteriormente a Presidência da Comissão
apresentou seu documento CE/GCI-170/00, "A Cúpula das
Américas 2001: Temas", a fim de estimular a reflexão e
o debate. A primeira metade do dia foi dedicada à discussão
de assuntos gerais relacionados com o processo de Cúpulas. Na
segunda metade, abordou-se o tema da democracia e questões
afins. Outros temas da Cúpula também foram discutidos. A
reunião foi inteiramente pela Internet, por meio dos sites
eletrônicos da OEA e da Rede de Informação da Cúpula das
Américas, respectivamente (http://www.oas.org)
e (http://www.summit-americas.org).
A Presidência da Comissão também recebeu perguntas
formuladas via e-mail – por organizações da
sociedade civil da Argentina, Dominica, Equador e Paraguai.
O presente relatório oferece uma síntese
das sugestões e recomendações formuladas na reunião pelos
representantes dos Estados membros e das organizações da
sociedade civil.
Seção I Página 2
Resumo das observações iniciais do
Secretário-Geral, César Gaviria, do Presidente da
Comissão, Embaixador Peter M. Boehm e do Diretor do
Escritório de Acompanhamento de Cúpulas, Jaime Aparicio.
Seção II Páginas 3
Observações gerais sobre o processo e
a agenda da Cúpula
Seção III Páginas 4
Sugestões para o fortalecimento da
democracia
Seção IV Página 9
Sugestões para a geração de
prosperidade
Seção V Página 10
Sugestões para a realização do
capital humano
Seção VI Página 10
Outras recomendações
I. Resumo das observações iniciais
Em breves palavras iniciais, o
Secretário-Geral da OEA, César Gaviria, ressaltou a
crescente importância da sociedade civil para a integração
hemisférica, à luz do processo de globalização. O orador
destacou a necessidade de abertura de governos e
instituições, bem como de proporcionar o máximo possível
de informação aos cidadãos. Referiu-se também às medidas
adotadas pela OEA para interessar a sociedade civil, em
particular a aprovação de diretrizes para a participação
de organizações da sociedade civil nas atividades da
Organização.
O Presidente da Comissão, Embaixador Peter
M. Boehm, observou que a credibilidade das Cúpulas repousa na
sua capacidade de produzir uma diferença substancial para os
cidadãos e que, portanto, o Canadá esperava um Plano de
Ação orientado para a obtenção de resultados. O Presidente
salientou que, em última análise, os governos são os "implementadores"
finais dos mandatos das Cúpulas, mas que as parcerias com
instituições hemisféricas e a participação da sociedade
civil em todos os estágios também são essenciais. Lembrou
aos delegados que, embora os temas da Cúpula estejam
divididos em três áreas, a ação não deve estar confinada
a compartimentos estanques, quer por país, quer por setor ou
instituição. O Presidente ressaltou que todas as três
áreas devem reforçar-se mutuamente e que o desafio para
todos os participantes consistirá e assegurar congruência e
coordenação no desenho e na implementação do Plano de
Ação da Cúpula.
O Presidente também referiu-se à
importância de "dar o primeiro lugar às pessoas"
na agenda da Cúpula e identificou a introdução de uma
perspectiva de gênero como tema transversal de particular
importância. Também chamou a atenção para o aspecto de
conectividade da abordagem canadense, sugerindo sua
aplicação para fortalecer a governança e aperfeiçoar a
democracia. Concluindo, o Presidente observou se deveria
considerar o documento CE/GCI-170/00 da Comissão, "Cúpula
das Américas 2001: Temas", somente para fins de
discussão, e não como documento de trabalho.
O Diretor do Escritório de Cúpulas da OEA,
Jaime Aparicio, referiu-se à importância da Comissão de
Gestão de Cúpulas como espaço para articular uma nova
relação de cooperação entre governos, a sociedade civil,
organismos internacionais e agências de cooperação, com
vistas à próxima Cúpula. Observou que vários dos mandatos
das Cúpulas só serão cumpridos se formos capazes de
mobilizar, em ações construtivas, a energia de governos, de
organismos internacionais e da sociedade civil.
Quanto aos temas de democracia, resumiu
algumas das preocupações de governos e da sociedade civil,
expressas em diversos foros recentes, entre as quais: os
sintomas de ingovernabilidade democrática em alguns países
da região, agravados pela falta de coesão social e pelas
inadmissíveis diferenças sociais existentes na região; a
corrupção e falta de transparência, como fontes de tensões
na região; a necessidade de melhorar a qualidade do sistema
político, de construir instituições legítimas, fortes e
transparentes e de assegurar a qualidade e a autonomia dos
sistemas reguladores; o fortalecimento dos sistemas eleitorais;
o fortalecimento dos poderes judiciário e legislativo; a
revalorização da importância e da qualidade dos partidos
políticos; e a promoção de uma cultura cívica e
democrática.
II. Observações gerais sobre o processo e
a agenda da Cúpula
- Cumpre identificar recursos para o custeio dos
mandatos da próxima Cúpula, de modo a evitar a
situação atual de insuficiência de fundos para a
implementação de numerosos mandatos. A participação
de instituições financeiras internacionais financeiras
é imprescindível (El Salvador e Jamaica).
- Temas como a democracia, os direitos humanos e as
drogas têm sido amplamente discutidos na OEA. A Cúpula
deve dar maior ênfase ao bem-estar das pessoas, à
erradicação da pobreza, aos desastres naturais e à
abertura de mercados (El Salvador e Paraguai).
- O tema das pequenas economias deve ser abordado não
apenas no contexto da ALCA, mas também como tema
colateral em todos a todos os mandatos pertinentes da
Cúpula (Jamaica).
- O tema do gênero deve ser tratado como tema colateral
em todos os mandatos pertinentes da Cúpula (Jamaica).
- O sistema de troika deve ser expandido e dar
margem a uma representação geográfica (Jamaica).
- Conectividade é uma palavra que se presta a
confusões em espanhol e talvez não seja a mais
apropriada para o conceito (Equador)
- O termo "cestas" talvez não seja apropriado
para descrever agrupamentos de temas na Cúpula já que
no processo de Helsinqui, foi usado num contexto
internacional de guerra fria e muito menos democrático
do que a presente situação nas Américas (México).
- A agenda da Cúpula deve incluir uma discussão em
torno da alta dos preços do petróleo; preços altos
exercem sério impacto sobre o crescimento em países e
desenvolvimento e afetam negativamente a prosperidade, a
saúde, a habitação e o bem-estar social. A
deterioração de condições provocada por altos
preços do petróleo representa uma ameaça à
democracia (Costa Rica).
- A Terceira Cúpula das América, que deveria ser a
"Cúpula da Implementação", deve demonstrar
que as cúpulas podem melhorar as vidas dos cidadãos
comuns por meio de iniciativas que, embora em menor
número, sejam mais concretas e implementáveis (Robin
Rosenberg, Leadership Council
for Inter-American Summitry).
- Para aprofundar a cooperação hemisférica, cumpre
envidar maiores esforços no sentido de divulgar
informação e aumentar a conscientização a respeito
do processo de Cúpulas (Nobina Robinson, Canadian
Foundation for the Americas)
- A Terceira Cúpula deve esclarecer e reduzir o número
de mandatos da agenda hemisférica (Nobina Robinson, Canadian
Foundation for the Américas, e Nancy Thede, Rights
and Democracy).
- Cumpre identificar recursos para o custeio dos
mandatos da próxima Cúpula a fim de evitar a
situação atual de insuficiência de fundos para
implementar muitos mandatos. Deve haver maior
envolvimento de instituições financeiras
internacionais no processo das Cúpulas (Nobina
Robinson, Canadian Foundation for the Americas).
- Cumpre reconhecer a diversidade em todos os seus
aspectos: político, econômico, social e cultural
(José Maria Fumagalli, Conselho da Indústria Química
do Mercosul).
- Vivem nas Américas 150 milhões de descendentes de
africanos. Os negros representam 40% da população
empobrecida, em muitos casos são os mais pobres entre
pobres e o processo de exclusão e invisibilidade dos
negros é uma ocorrência diária nas Américas (Julio
Gallardo, Organização dos Africanos nas Américas).
- A ajuda para o desenvolvimento deve ser orientada para
a satisfação das "verdadeiras" necessidades
dos pobres, e não para o que governos acreditam ser
necessário (Julio Gallardo, Organização dos Africanos
nas Américas).
III. Sugestões para o fortalecimento da
democracia
Instituições e processos
democráticos:
- A democracia não está inteiramente arraigada em cada
nação do Hemisfério, e os abusos de direitos humanos
persistem em muitos lugares: a prioridade principal da
Cúpula deve ser o avanço da democracia e dos direitos
humanos, incluindo um fortalecimento das instituições
de direitos humanos (Antígua e Barbuda).
- Um sucesso da iniciativa da ALCA e da integração
econômica nada significará se as suas bases forem uma
democracia vacilante e a fraqueza da proteção dos
direitos humanos (Antígua e Barbuda).
- A questão da democracia não deve ser aplicável
apenas aos governos, mas também a todos os aspectos da
sociedade, inclusive a sociedade civil (Guiana).
- As instituições democráticas devem ser fortalecidas
por meio de um processo que inclua atores civis e
políticos (Paraguai).
- A Terceira Cúpula deve conter uma "cláusula
democrática" que vincule a participação na
Cúpula com a existência de democracia nos Estados
membros (Robin Rosenberg, Leadership Council for
Inter-American Summitry).
- Nessa cláusula, a definição de "democracia"
deve ser clara a fim de evitar a imprecisão da
cláusula incluída no comunicado da recente Reunião de
Cúpula de Presidentes Sul-Americanos (Nobina Robinson, Canadian
Foundation for the Americas).
- Conceito de democracia não e bem definido; é preciso
acordar um método para determinar se realmente existe
democracia dentro de um Estado (Andrea Sanhueza, Fundación
Participa).
- Uma crescente concentração de poder nas mãos de
executivos do Estado está criando uma situação
precária para a democracia (Andrea Sanhueza, Fundación
Participa).
- 5 Desafios para as Américas (Doutor Jennifer McCoy,
Centro Carter):
1. Garantir a segurança
pública, regulamentar as forças de segurança pública.
2. Fortalecer a responsabilidade das
forças armadas.
3. Atribuir poder de
participação aos cidadãos.
4. Moderar o poder do ramo
executivo de governo.
5. Alcançar uma
representação efetiva, por meio da democratização
dos partidos políticos e da reforma eleitoral.
- A Terceira Cúpula deve abordar a crescente
desigualdade entre ricos e pobres, que está erodindo a
confiança na democracia (Nancy Thede, Rights and
Democracy).
- Cumpre abordar um "déficit democrático"
gerado pela falta de controle as autoridades eleitas
sobre as políticas econômicas e sociais (Nancy Thede, Rights
and Democracy).
- As missões de observação eleitoral devem ser
fortalecidas a fim de assegurar eleições livres e
abertas, que são um componente básico e fundamental da
democracia (José Miguel Vivanco, Human Rights Watch).
- As instituições democráticas e a participação
local devem ser adicionalmente fortalecidas a fim de
assegurar e preservar a democracia no nível nacional
(John Graham, Federação Canadense de Municípios).
- A Declaração adotada na Sexta Conferência
Interamericana de Prefeitos, realizada em Miami, de 27 a
29 de junho de 2000, recomendou que as diferentes
tarefas sejam abordadas em conjunto pelos governos
nacionais e locais, como preparativo para a Cúpula de
2001. Essas tarefas incluem:
1. Habilitar os governos locais a
gerir seus próprios recursos, encorajar o crescimento
econômico local e, assim, satisfazer as necessidades de
suas comunidades; assegurar que os governos nacionais
facilitem e respeitem esse processo.
2. Melhorar o acesso à tecnologia da
informação a fim de melhorar as possibilidades de
participação das comunidades locais no processo
decisório.
3. Fazer com que os governos locais e
nacionais, em estreita colaboração com a sociedade
civil, respondem adequadamente às necessidades humanos
e encorajem a participação democrática (Doutor Allen
Rosenbaum, Florida International University).
Direitos humanos:
- Deve existir clareza sobre o significado da expressão
"fortalecimento" do sistema de direitos
humanos nas Américas; existe atualmente na OEA um
processo que permite que ações concretas se reflitam
no trabalho da Comissão e da Corte Interamericana de
Direitos Humanos (México).
- Liberdade de expressão). Devem os governos melhorar o
acesso a informação; poderia ser estabelecido um
sistema para prover acesso a informação do governo (Doutor
Jennifer McCoy, Centro Carter, e José Miguel Vivanco, Human
Rights Watch).
- Embora os abusos de direitos humanos pelo Estado
possam ter diminuído no Hemisfério, os abusos em
matéria de direitos políticos, sociais e econômicos,
administração de justiça a acesso à justiça não
diminuíram; o sistema interamericano de direitos
humanos deve ser fortalecido (José Miguel Vivanco, Human
Rights Watch).
- Cumpriria desenvolver acordos multilaterais que
assegurem a extradição por motivo de violações a
direitos humanos (José Miguel Vivanco, Human Rights
Watch).
Administração de justiça:
corrupção:
- Embora existam mecanismos de combate à corrupção,
cumpre reexaminá-los para determinar se podem ser
fortalecidos (Paraguai).
- Tema da conectividade é importante: todos os
cidadãos devem ser acesso a informação referente à
implementação de mecanismo multilaterais que afetam
suas vidas (Paraguai).
- As instituições multilaterais devem facilitar o
acesso à justiça, particularmente no que se refere a
direitos humanos (Paraguai).
- Cumpre estabelecer um mecanismo para acompanhar a
implementação a Convenção Interamericana contra a
Corrupção (Doutora Jennifer McCoy, Centro Carter, e
Miguel Schloss, Transparency International).
- Incluir o suborno de funcionários nacionais e
estrangeiros entre as "figuras delituosas"
para a aplicação de leis de combate à lavagem de
dinheiro (Miguel Schloss, Transparency International).
- As Américas necessitam de um sistema integral de
combate à corrupção, capaz de detectar e enfrentar a
corrupção (Francisco Nieto, Universidade Central da
Venezuela).
Participação da sociedade civil:
- A próxima Cúpula deve focalizar as pessoas: deve
conter um processo criativo que permita a participação
do "cidadão comum" (Antígua e Barbuda).
- A Cúpula deve focalizar as pessoas e o fomento da sua
capacidade de viver em paz, prosperidade e felicidade.
Para tal fim, deve a Cúpula dar voz ao cidadão comum
das Américas e há necessidade de encontrar fórmulas
inovadoras para integrar suas opiniões ao processo (Antígua
e Barbuda).
- A participação da sociedade civil nas atividades da
OEA deve ser mantida e fortalecida (Paraguai).
- A Terceira Cúpula deve incluir uma discussão entre
os Chefes de Estado e de Governo e representantes de
organizações da sociedade civil que não participem da
simultânea "Cúpula do Povo" (Nancy Thede, Rights
and Democracy).
- Cumpre prestar assistência financeira para que
organizações da sociedade civil participem de
reuniões relacionadas com a Cúpula (Karen Hansen-Kuhn,
Alliance for Responsible Trade).
- É necessário focalizar a qualidade da participação
da sociedade civil nas sociedades americanas. O processo
das Cúpulas pode contribuir para gerar condições
ideais de participação civil ao:
1. enfatizar a importância do
desenvolvimento de uma cultura de participação civil
como base para sociedades democráticas e economicamente
fortes;
2. exortar a OEA a criar um espaço
concreto para a colaboração entre a sociedade civil e
a sociedade política mais ampla;
3. estabelecer novas relações entre
os cidadãos e as instituições democráticas, que
deveriam ser construtivas e de cooperação, e não de
clientelismo ou defrontação;
4. aproveitando iniciativas prévias
(como a Iniciativa de Educação para a Democracia),
instar as entidades bilaterais e multilaterais de
desenvolvimento a considerar o tema da formação
cívica e os instrumentos para o seu avanço nos países
do Hemisfério; e
5. enfatizar o papel do setor privado
no desenvolvimento de uma cultura cívica (Marisol
Pagés, Fundación Grupo Esquel).
- É necessário criar e manter uma estrutura permanente
de participação da sociedade civil no processo
interamericano; isto fortalecerá a confiança nas
instituições interamericanas (Andrea Sanhueza, Fundación
Participa).
- Há necessidade de um compromisso sério com a real
institucionalização da participação da sociedade
civil nas Cúpulas (Yolanda Kakabadse, Fundación
Futuro Latino Americano, do Equador, e Henry
Shillingford, Dominica Conservation Association).
- A estrutura que a Estratégia Interamericana de
Participação Pública (ISP) abriu para que
organizações da sociedade civil interajam com os
governos é um exemplo essencial e muito bom a ser
aproveitado. Cumpre institucionalizar espaços de
diálogo, intercâmbio e interação no processo das
Cúpulas (Liliana Hisas, Fundación Ecologica
Universal de Argentina).
- Nível de participação das organizações da
sociedade civil varia de país a país; essas
diferenças devem ser consideradas a fim de evitar a
exclusão de certos grupos (José Maria Fumagalli,
Conselho da Indústria Química do MERCOSUL).
IV. Sugestões para a geração de
prosperidade
Comércio e investimento:
- Deve haver um mecanismo que vincule a participação
dos Estados na ALCA ao respeito a todos os direitos
econômicos, sociais e políticos da população de um
país (Nancy Thede, Rights and Democracy).
- Há necessidade de maior transparência no processo da
ALCA, particularmente em relação ao estado das
negociações, para habilitar a sociedade civil e
contribuir com insumos construtivos por meio dos centros
de comunicação da ALCA (Karen Hansen-Kuhn, Alliance
for Responsible Trade).
Meio ambiente:
- A seca e a desertificação são questões importantes:
o problema levou um milhão de peruanos a emigrar.
Cumpre estabelecer um processo que permita tratar da
degradação e da exploração excessiva de recursos
naturais (Jesus Gomez Urquino, Instituto Trabalhista
para o Desenvolvimento Regional, Peru).
Trabalho:
- O nexo intrínseco entre os direitos humanos em geral
e os direitos dos trabalhadores em particular deve ser
reconhecido pela Cúpula. Cumpriria criar uma comissão
conjunta da OEA/OIT para direitos trabalhistas e humanos,
como projeto piloto para uma eventual organização
hemisférica dedicada aos direitos trabalhistas e
humanos (Michel Dion, Universidade de Sherbrooke)
Abordagem de disparidades econômicas:
- Os instrumentos atuais de estímulo ao desenvolvimento
econômico instituídos pelas diferentes organizações
internacionais não reconhecem as realidades sociais ao
se estabelecerem mecanismos de redistribuição da
riqueza e, portanto, acentuam a situação ao excluírem
sistematicamente as populações africanas. Os africanos
das Américas aspiram por fazer parte das iniciativas de
integração em andamento no Hemisfério e por uma
melhor compreensão do seu status social e uma
melhor representação dos seus interesses nas
instituições existentes (Julio Gallardo, Organização
dos Africanos nas Américas).
V. Sugestões para a realização do
potencial humano
Populações indígenas:
- A Terceira Cúpula deve reconhecer os direitos das
populações indígenas mediante a aprovação do
projeto de Declaração Americana sobre os direitos das
Populações Indígenas (Nancy Thede, Rights and
Democracy).
Igualdade de gênero:
- Cumpre estabelecer pontos de referência para
acompanhar os avanços da participação da mulher na
área política, social e econômica (Nancy Thede, Rights
and Democracy).
- A fim de suprir a lacuna entre o espírito das leis de
igualdade de gênero e sua implementação concreta,
cumpre que as políticas, para que tenha êxito, se
façam acompanhar de um sério compromisso institucional.
Problemas gerais de governança democrática (corrupção,
responsabilização deficiente) e de desigualdade social
previnem o progresso do status da mulher (Joan
Caivano, Diálogo Interamericano).
- No Peru, a ação afirmativa resultou em 25% de
participação da mulher no registro eleitoral, o que
deveria ser repetido em outros países. Uma ação
concreta é necessária para combater a violência
contra a mulher e a violência doméstica (Jesus Gomez
Urquino, Instituto Trabalhista para o Desenvolvimento
Regional, Peru)
VI. Outras recomendações
- A população afro-latino-americana deve ser incluída
como tema colateral na Declaração e no Plano de Ação
da Terceira Cúpula (Roy Guevara Arzu, Câmara de
Comércio Afro-Hondurenha e Organização dos Africanos
nas Américas).
- A OEA, por intermédio da Cúpula, deve adotar uma
declaração sobre a população afro-latino-americana
em separado da declaração sobre as populações
indígenas (Roy Guevara Arzu, Câmara de Comércio Afro-Hondurenha
e Organização dos Africanos nas Américas).
- As organizações internacionais devem assegurar a
existência de diversidade entre os seus funcionários,
de modo a incluir afro-latino-americanos (Roy Guevara
Arzu, Câmara de Comércio Afro-Hondurenha e
Organização dos Africanos nas Américas).
|